Temos muitos amigos, a grande maioria com milhares de problemas, enfim, não são perfeitos e mesmo assim aceitamos seus defeitos e nos orgulhamos de como lidamos com eles.
Por que será que com o amor não ocorre da mesma forma? Nos agarramos aos ideais que temos, as ilusões que fazemos e transformamos o ser amado em um príncipe encantado ou princesa, até o dia em que descobrimos que ele(a) também possui fraquezas, TPMs, defeitos...
O processo de deixar partir esses ideais, enxergar a realidade, desistir das expectativas que criamos é necessário, mas também pode ser doloroso e difícil.
Nossas primeiras lições de amor e nosso desenvolvimento moldam as expectativas e exigências que acabaremos fazendo no casamento, muitas vezes até sem percebê-las. Levamos os desejos inconscientes e os sentimentos mal resolvidos da infância.
Na adolescência conhecemos o amor (você é tudo para mim, não posso viver sem você), viajamos por paraísos e temos encontros com o ser amado mesmo que sozinhos, trancados no quarto. Muitos acabam levando esse amor para a vida adulta.
Chegamos ao casamento com infinitas expectativas românticas, tornando o relacionamento em “deveria ser assim”, “não consigo fazer você feliz a maior parte do tempo”, “o meu coração deveria saltar pela boca”, “o mundo deveria ser colorido”, “eu não deveria me sentir frustrado”, “deveríamos ser fiéis”, etc. Na grande maioria das vezes os momentos maravilhosos, de êxtase profundo falham, acabam se tornando raros.
Mas, existe a noticia boa e a ruim:
A ruim é que nenhum casal de adultos consegue provocar mais danos um ao outro do que marido e mulher;
A boa noticia é que, as vezes, o elo entre os dois é mais forte do que qualquer dano que possam causar.
Atualmente, fala-se muito sobre relações sexuais e muito pouco sobre as relações amorosas. Os jovens sabem mais sobre sexo do que sobre o amor e isso influencia em seu comportamento, portanto é normal que a cada ano que passa os divórcios tornem-se mais freqüentes.
A grande maioria das pessoas busca a sua cara-metade, aquele que vai recuperar os amores dos nossos primeiros desejos, que vai completar, para encontrar a união entre os dois “eus” que se confundem em um só. Assim, pode-se passar a odiar o companheiro ou companheira por não satisfazer esses desejos antigos e impossíveis.
Homens e mulheres, em geral, desejam coisas diferentes, eles procuram a autonomia e elas a intimidade.
Nossos desejos humanos incompatíveis, nossos conflitos, nossos desapontamentos fazem parte da nossa caminhada. Aceitar que existem dificuldades e mudar aquilo que não gostamos faz parte de nosso aprendizado, do amadurecimento de cada um.
Quando chegamos ao amor “adulto” temos a capacidade de sentir empatia e carinho pelo outro, de sentir culpa quando provocamos dor, vontade de reparar o dano causado e oferecer consolo. Ainda vemos a pessoa amada como um ideal, mas esta idealização convive com o conhecimento realista de quem amamos.
"É preciso evoluir para poder amar e amar mais para poder evoluir" (autor desconhecido)
Juliana Lapolli
Psicóloga – CRP 12/06364
*texto adaptado do livro Perdas Necessárias, da autora Judith Viorst.
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